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Este conjunto de conteúdos explica como representar figuras planas (quadrados, círculos, triângulos) quando estão contidas em planos que não são paralelos aos planos de projeção. Nestes casos, as projeções ficam deformadas e a única forma de obter a verdadeira grandeza da figura é através do método do rebatimento.
A ideia central é sempre a mesma:
Se uma figura está num plano inclinado, eu não a vejo em verdadeira grandeza nas projeções horizontal e frontal. Para a ver corretamente, rebato o plano até que fique coincidente com um dos planos de projeção. No rebatimento, os pontos movem-se segundo arcos de circunferência com centro na charneira (o eixo de rebatimento).
Um plano oblíquo é um plano que não é projetante nem paralelo aos planos de projeção. A imagem da figura fica distorcida, por isso é necessário rebater o plano.
Exemplo: Representar um quadrado [ABCD] num plano oblíquo
A estratégia é:
Identificar um ponto com cota nula, que pertence ao traço horizontal do plano.
Usar o triângulo de rebatimento para rebater esse ponto e determinar a sua posição em verdadeira grandeza.
Repetir o processo para cada vértice, construindo o quadrado no plano rebatido.
Contra-rebater os vértices (voltar ao sistema original) para obter as projeções horizontal e frontal do quadrado.
O que está a acontecer geometricamente:
Rebato o plano como se fosse uma porta a rodar sobre a charneira. No plano rebatido, a figura assume a dimensão real; depois devolvo cada ponto ao lugar original projetado.
Um círculo num plano inclinado nunca projeta um círculo, mas sim elipses.
Procedimento:
Determinar o rebatimento do traço frontal do plano.
Rebatir o centro O e obter a sua posição verdadeira.
No plano rebatido, desenhar a circunferência real.
Marcar oito pontos importantes da circunferência usando diagonais e medianas de um quadrado circunscrito.
Contra-rebater esses pontos para o sistema original e desenhar as elipses (projeções horizontal e frontal).
Ideia essencial:
No plano rebatido o círculo é círculo; nas projeções torna-se elipse.
Num plano de rampa, o traço horizontal é paralelo ao eixo x e a charneira é uma reta fronto-horizontal. Rebatemos sempre a hipotenusa do triângulo de rebatimento porque o plano de rampa não é perpendicular ao eixo de rebatimento.
O processo é semelhante ao caso anterior, mas com estas diferenças:
O traço frontal do plano é o eixo de rebatimento.
Rebate-se primeiro o traço horizontal do plano de rampa.
Rebata-se um ponto conhecido (normalmente um vértice ou ponto central).
No plano rebatido constrói-se a verdadeira grandeza da figura.
Contra-rebatem-se os pontos obtidos.
Este procedimento exige cuidado porque a direção da hipotenusa muda para cada ponto rebatido.
Tal como no plano oblíquo, o círculo projeta-se como elipse.
Passos essenciais:
Rebatimento do traço frontal.
Rebatimento do centro O.
Construção da circunferência real no plano rebatido.
Determinação de oito pontos da circunferência.
Contra-rebatimento desses pontos.
Desenho das elipses correspondente às projeções.
Um plano passante é um plano que atravessa ambos os planos de projeção sem ser paralelo a nenhum. As regras são as mesmas do rebatimento comum, mas a charneira é, normalmente, o eixo x, porque o plano é fronto-horizontal.
Exemplo: Triângulo equilátero [PQR] num plano passante
Rebatimento do vértice P para obter a sua verdadeira altura.
Pelo ponto rebatido traça-se a perpendicular ao eixo x para construir uma das direções do plano.
Rebate-se o lado conhecido e desenha-se o triângulo em verdadeira grandeza.
Contra-rebatem-se os vértices.
Determinam-se as projeções horizontal e frontal.
O processo é idêntico aos casos anteriores:
Rebatimento do plano passante.
Desenho da circunferência real no plano rebatido.
Determinação dos oito pontos característicos da circunferência.
Contra-rebatimento desses pontos.
Desenho das elipses correspondentes.
A representação de figuras planas e sólidas em planos oblíquos, de rampa ou passantes exige a aplicação sistemática do rebatimento. O rebatimento permite transformar um plano inclinado num plano coincidente com o PH ou PV, revelando a verdadeira grandeza da figura. Após construir a figura no plano rebatido, procede-se ao contra-rebatimento dos pontos, obtendo as projeções horizontal e frontal corretas.
Este método é essencial para garantir precisão na Geometria Descritiva, pois resolve o problema central: objetos inclinados nunca se veem nas suas dimensões reais nas projeções, sendo necessário “virar” o plano para o podermos medir.